Os gêneros textuais são diversos, é cada
um deles possui uma essência. Trabalhar com a imaginação das crianças e o
anseio de responder a alguns dilemas que trazem uma discussão moral, como: o
medo, a alegria, a angústia, as perdas, entre outros. Neste capítulo o foco
será o gênero Contos de Fadas.
Os Contos de Fadas são de origem celta.
Os celtas apareceram constituídos como povo, no sudoeste da Alemanha, de onde
migraram para a Gália, Península Ibérica e Ilhas Britânicas. Os contos surgiram
como poemas que relatavam amores estranhos, eternos, essencialmente idealistas
e ligados a valores eternos do ser humano. Tais valores permaneceram sendo
recontados principalmente por Jacob e Wilhelm Grimm, (alemães), Charles Perraul
(francês) e Hans Cristian Andersen (dinamarquês).
Nesse contexto, observa-se algumas
publicações desses autores, citadas por Costa (2003):
·
Em 1697, Charles
Perrault publicou os oito contos da Mamãe Gansa e assim nascia a Literatura
Infantil, conhecida como clássica. Em suas obras o maravilhoso ocupa lugar bem
modesto e as fadas são singularmente raras. Sua originalidade reside na
presença das paisagens francesas, suas campinas e sua atmosfera, em que se
movem aldeões, damas e cavaleiros. Seus personagens geralmente eram os modelos
que os rodeavam: amigos, vizinhos, os trabalhadores do campo etc;
·
Na Alemanha, os
irmãos Grimm publicaram os contos de fada entre 1812 e 1822. Dentre seus
principais contos publicados, encontram-se Joãozinho e Maria, Branca
de Neve, Chapeuzinho Vermelho e
Rapunzel, entre outros não menos importantes;
·
Na Dinamarca,
Hans Christian Andersen publicou entre 1835 e 1872 muitos outros contos
infantis, e ele é considerado o patrono mundial da literatura infantil, porque
criou os primeiros contos voltados ao público infantil, como por exemplo:
Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia, A Menina dos Fósforos, O Patinho Feio.
As histórias apresentadas nos contos sempre
apresentam uma problemática existencial. Sua estrutura é baseada no seguinte
contexto: o início, o herói ou heroína vai a um lugar diferente, marcado por
acontecimentos que dão destaque à história além das criaturas mágicas e
estranhas; o encontro, a presença de uma madrasta, uma bruxa ou um feiticeiro;
a conquista, o triste fim do personagem mal e a celebração, vitória do bem e
todos vivem felizes para sempre.
Essa estrutura expressa
os obstáculos, ou provas, que precisam ser vencidas, para que o herói alcance
sua auto-realização existencial, a superação dos conflitos, seja pelo
encontro do seu verdadeiro “eu” ou pelo encontro da princesa que representa o
ideal a ser alcançado.
Coelho (1998) esclarece
que os Contos de Fadas podem ou não contar com a presença de fadas, sem,
contudo, deixar de apresentar questões mágicas, e reis, rainhas, príncipes,
princesas, bruxas, gigantes, anões, dentre outros. Um outro aspecto muito
marcante diz respeito à possibilidade de apresentar sempre um tempo ou espaço
indeterminados, fora da realidade conhecida;
incluem-se, aqui, os enredos iniciais de muitas histórias como “Era uma
vez......”.
Para Góes (1991) os
personagens são outra característica marcante da estrutura dos contos de fadas.
Observa-se o que diz a autora:
Em geral, são poucas e apresentando
grande unidade; às vezes crianças, outras jovens em idade de casar. Podem
proceder de uma cabana muito pobre ou de um faustoso palácio encantado. Sua
origem, as características que as distinguem, o modo com atuam são sempre
extremamente exageradas. Ou são excessivamente boas ou medrosas, belas ou
tragicamente feias, ou perversas ou covardes, ou valentes e nobres; ou são
anõezinhos, ou gigantes, bruxas ou princesas, reis disfarçados de mendigos ou
mendigos convertidos em reis e cavaleiros (1991, p.116).
Compreende-se que as funções dos personagens representam as partes
fundamentais de um conto, sendo limitadas e com uma sucessão sempre idênticas.
Propp (1983) define função como “a ação de uma personagem definida do ponto de
vista de seu significado no desenrolar da intriga”.
Essas funções se dividem entre os personagens da história e cada um
recebe sua respectiva ação seqüencial:
Podemos
chamar conto maravilhoso, do ponto de vista morfológico, a qualquer desenrolar
de ação que parte de uma malfeitoria ou de uma falta, e que passa por funções
intermediárias para ir acabar em casamento ou em outras funções utilizadas como
desfecho. A função limite pode ser a recompensa, alcançar o objeto desejado ou,
de uma maneira geral, a reparação da malfeitoria, o socorro e a salvação
durante a perseguição, etc. Chamamos a este desenrolar de ação uma seqüência.
Cada nova malfeitoria ou prejuízo, cada nova falta dá lugar a uma nova
seqüência. Um conto pode ter várias seqüências, e quando se analisa um texto, é
necessário em primeiro lugar determinar de quantas seqüências este se compõe
(PROPP, 1983, p. 144).
Os Contos de Fadas são um gênero textual com uma narrativa de “forma
simples”, resultante de uma criação espontânea, ou seja, diferentes dos
romances medievais, que apresentam uma forma artística elaborada. Observa-se o
que diz Coelho (2000, p. 164-165), quanto ao que são consideradas formas
simples:
Determinadas narrativas que, há milênios, surgiram anonimamente e
passaram a circular entre os povos da Antiguidade, transformando-se com o tempo
no que hoje conhecemos como tradição popular. De terra em terra, de região a
região, foram sendo levadas por contadores de histórias, peregrinos, viajantes,
povos emigrantes, etc., até que acabaram por ser absorvidas por diferentes
povos e, atualmente, representam fator comum entre as diferentes tradições
folclóricas.
No entanto, até os dias de hoje os contos
encantam todas as gerações. “Os tempos mudam incessantemente, porém a natureza
humana permanece a mesma” (COELHO, 2000).
Este gênero é tradicionalmente usado na prática
escolar, mas cabe ao educador usá-lo a fim de favorecer o desenvolvimento moral
das crianças da Educação Infantil. O gênero é de fácil compreensão, pois traz
uma linguagem simples e direta, além de permitir a memorização das crianças por
meio dos nomes dos personagens, que serão eternamente lembrados por elas, por
serem nomes mágicos e outra característica é a presença de palavras mágicas que
formam uma imagem visual, que aguçam a imaginação das crianças pequenas. “A
metamorfose das personagens, a magia, o encanto, o uso de talismãs e a força do
destino são também constantes neste gênero”. (JOLLES, 1993).
Existem os Contos de Fadas clássicos, os mais
exuberantes e conhecidos que passam de geração para geração. Esses contos
também apresentam a mesma narrativa, o herói ou heroína passam por dificuldades
antes de triunfar contra o mal e até o tão esperado final feliz. Os personagens
são marcados por suas qualidades físicas ou morais que são bem nítidas e
facilitam a compreensão da história para as crianças.
As histórias falam de moralidade e de virtude como
parte central da natureza humana, não como algo para se ter, mas para ser, a
coisa mais importante que se pode ser. Através da leitura dos Contos de Fadas
pode-se colocar a imaginação das crianças pequenas, em tempo e espaço
indeterminados, onde há a presença das expressões do tipo: “era uma vez”, “há
muito tempo”, “num certo dia” e “num lugar distante”.
Essas histórias, ainda, ajudam o educador entender o
desenvolvimento da moralidade infantil, dando oportunidade para que as crianças
entrem num mundo de princípios e virtudes, ajudando-as a compreender algumas
qualidades essenciais à formação ética de cidadãos.
São vários os valores apresentados nessas histórias e
que são necessários para a formação moral de qualquer indivíduo, ou seja, neles
encontramos valores essenciais para a convivência humana. Compreende-se que não
nascemos com esta visão moralista, é preciso aprendê-la. Pode-se aprender e
apreciar esta visão por meio das histórias.
Para evidenciar a importância dos Contos
de Fadas na construção da moralidade infantil, observa-se o artigo “A
importância dos contos de fadas no desenvolvimento infantil” de Dias (2005),
que descreve a experiência realizada com 24 alunos da educação infantil de uma
escola municipal.
A autora selecionou algumas histórias
infantis, mas priorizou a história que seus alunos mais apreciavam: “Os três
porquinhos”. Trabalhou de diferentes maneiras com seus alunos. Ao final da
pesquisa, a autora averiguou que o trabalho com as histórias infantis traz
vários benefícios para o desenvolvimento das crianças pequenas como, por
exemplo, a elaboração de conceitos, a resolução de conflitos, o desenvolvimento
da imaginação e criatividade, dentre outros.
Com isso, é possível visualizar que o
trabalho com os Contos de Fadas pode favorecer o desenvolvimento das crianças
se os professores estiverem preparados e, principalmente se o compreendem e
utilizam procedimentos educativos mais adequados.
No próximo capítulo, veremos algumas maneiras que
podem ajudar o educador na utilização dos Contos de Fadas na rotina da Educação
Infantil, em virtude do fortalecimento dos valores morais dos pequenos.
Parabéns pelo Blog!!! Conteúdo muito legal para o estudo de gêneros textuais.
ResponderExcluirÉ mesmo dá um ensino bom para a criança !!
Excluirsim
Excluirda mesmo um ensino para as crianças
Olá Lívia, você poderia postar as referência usadas neste trabalho, gostaria muito de consultá-las. Obrigada.
ResponderExcluirÉ demais como vc concegue saber de tudo isso
ResponderExcluirEu me dei muito bem com esse comentario eu estou com nota 10 OBRIGADA
ResponderExcluirExcelente! Ajudou muito diferenciar o conto de fadas (heroísmo) e conto maravilhoso (ascensão social).
ResponderExcluirGet a $200 Bonus at Harrah's Casino in Las Vegas
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