Os
contos de fadas são livros eternos que encantam as crianças e podem ser
apresentados de diversas maneiras, de acordo com a criatividade e
disponibilidade de cada educador para realizar essa atividade. É fundamental
que o educador utilize várias formas de leitura para que as crianças se
envolvam com esse momento que é tão importante para seu desenvolvimento. O
educador pode utilizar, além da leitura oral, as gravuras e dramatizações com
fantoches. Dependendo da faixa etária, é
possível apresentar o início e o meio das histórias, deixando-as imaginarem o
final. Dessa maneira, a criança estará desenvolvendo sua criatividade,
despertando a curiosidade, expressando sentimentos, desenvolvendo o raciocínio
e trabalhando a memória.
Segue
abaixo um quadro com os aspectos que devem ser levados em conta para conseguir
um melhor envolvimento das crianças na hora da história.
Faixa Etária
|
Histórias
|
Ilustrações
|
Recursos
|
1 a 2 anos
(berçário)
|
Histórias rápidas e curtas.
|
Com gravuras atrativas e simples.
|
Fantoches, livros de pano, plástico ou cartonado para
melhor manuseio das crianças.
|
2 a 3 anos
(maternal)
|
Histórias rápidas, simples, aproximando-se as vivências
das crianças.
|
Gravuras grandes e com poucos detalhes.
|
Fantoches e os livros de papel já podem começar a serem
apresentados.
|
3 a 6 anos
(infantil e 1° ano)
|
Devem conter um enredo próximo ao cotidiano familiar das
crianças.
|
Com texto escrito
ou não, predominando mais as imagens.
|
A fantasia, a máscara pode ser uma maneira de envolver
ainda mais as crianças na história.
|
6 e 7 anos
(1°ano/alfabetização)
|
Explorar o som das palavras, com frases simples, sem
longas construções.
|
Ilustrações devem integrar-se ao texto, possibilitado
ainda mais o gosto pela história.
|
Como são crianças maiores, pode-se trabalhar a imaginação,
o tom de voz, a fantasia.
|
Granadeiro (2003) enfatiza que:
Nos primeiros anos da
infância, a garotada assimila mais facilmente enredos que tenham crianças como
personagens ou animais com características humanas, como fala e sentimentos.
Dos 3 aos 6 anos, as histórias devem abusar da fantasia com reviravoltas
freqüentes na trama. A partir dos 7, valem as aventuras e histórias mais
elaboradas. (p. 456).
O educador pode trabalhar com as histórias infantis, de maneira que as
crianças ampliem sua imaginação e compreensão do mundo, tornando-se uma
atividade pedagógica prazerosa, interessante, criativa e muito atraente. Para Bettlheim (1979) as histórias não devem ser jogadas de qualquer
maneira para as crianças. É necessário um preparo, um contexto e,
principalmente tempo para que a criança “absorva” a história.
O contar história deve ser uma atividade prática,
diária e constante na sala de aula, acompanhada de algumas estratégias e
técnicas para prender a atenção das crianças, fazendo com que a atividade seja
bem mais proveitosa. Ainda nesse processo de contar história, existe outra
característica muito importante, a conversa com as crianças antes de começar a
contar, evitando as interrupções. Essa conversa não deve ser longa, só o tempo
necessário para que as mesmas se predisponham a escutar a história.
Antes de tudo, é fundamental que o educador ao
recontar a história ou algum trecho que não ficou claro para as crianças, não
faça nenhuma mudança no enredo, por menor que seja, pois a criança pode
cobrá-lo de que omitiu ou esqueceu algum detalhe.
Vinha (2003) sugere alguns passos em que o educador
pode se pautar ao trabalhar com as histórias:
·
Escolher com
antecedência os textos;
· Recriar o texto na linguagem oral;
· Elaborar questões semi-estruturadas, visando
provocar uma reflexão na sala;
· Buscar recursos
pedagógicos para o ato de contar histórias;
· Conversar antes
sobre os personagens;
· Relatar os
textos com naturalidade, expressando emoções pela voz e com um tom de voz
definido, ou seja, o timbre de voz varia conforme o personagem e conforme a
emoção que deve ser passada;
·
Auxiliar as
crianças a identificarem todos os pontos de vista dos personagens;
· Apresentar
contra-argumentações que as levem a refletir sobre suas posições e é importante
estimular as crianças a expressarem diferentes opiniões sobre o assunto,
utilizando perguntas como: “Quem pensa a mesma coisa?”; “Alguém tem alguma
questão a fazer?”; “Alguém pensa diferente...?”, entre outras.
“Uma
criança que, desde pequena esteja acostumada a discutir, refletir, emitir e
justificar sua opinião, confrontando-a com a dos outros, sem medo de errar, com
certeza, será um indivíduo muito mais crítico, atuante e autônomo, do que
aqueles que estão acostumados a receber as “verdades” elaboradas vindas de
fora” (VINHA 2003, p.476).
Os contos de fadas giram em torno de elementos que
facilitam a imaginação e a memorização das crianças. “Era uma vez...”; fadas
madrinhas; reis e rainhas; heróis, entre outros personagens com nomes ou
apelidos.
"Brincando
com a fantasia a criança constrói uma ponte no tempo, repetindo o passado,
vivendo o presente e projetando o futuro, transitando entre o mundo
inconsciente e a realidade, pois fantasia e realidades se complementam”
(EMERIQUE, 2003, p. 18).
De acordo com Piffer (2008) o conto promove o
desenvolvimento da criança, motivando-a a ser generosa e solidária, fazendo-a
compreender que nem sempre as pessoas são boas e que nem sempre as situações são
agradáveis. Por consequência, desperta seu senso crítico, fazendo-a refletir
entre o pensar e o agir, entre o certo e o errado.
A autora também ressalta que a essência do conto de
fadas é abstrair conceitos formadores de caráter, uma vez que estabelece
relação entre “bem e mal”, “certo e errado”. Seus valores são inúmeros:
respeito, bondade, justiça, amizade, amor, franqueza, humildade, diferença,
etc. A formação moral das crianças ocorre quando fazem uso da reflexão sobre os
contos de fadas, distinguindo as atitudes das personagens e construindo as suas
próprias, alicerçando sua formação moral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário